As principais razões do início da Revolução Industrial na Inglaterra foram:
* possuía uma burguesia muito capitalizada em função dos lucros auferidos com
as atividades comerciais da época mercantilista;
* desde o século XVII, controlava a oferta de manufaturados nos mercados
coloniais;
* contava com um regime de governo (parlamentarismo) que favorecia o
desenvolvimento capitalista. Desde a Revolução Gloriosa de 1688 os entraves
mercantilistas haviam sido abolidos da economia britânica e o Estado, dominado
pela burguesia, atuava no sentido de corresponder aos interesses dessa camada
social;
* possuía grandes jazidas de carvão e ferro, matérias-primas indispensáveis à
confecção de máquinas e geração de energia;
* concentrava abundância de mão-de-obra nas cidades, resultado do forte êxodo
rural verificado na Idade Moderna. Nesse período, a lã inglesa conquistou um
espaço considerável no mercado europeu e muitas das antigas propriedades
agrícolas comunais transformaram-se em cercamentos, isto é, áreas cercadas de
criação de ovelhas. Tal atividade, porém, demandava reduzido número de
trabalhadores, expulsando a mão-de-obra excedente, que se dirigia às cidades. A
grande oferta de mão-de-obra provocava seu barateamento e, consequentemente,
reduzia os custos da produção industrial, ampliando os lucros.
AS FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A primeira
fase da Revolução Industrial correspondeu ao período que se estende de 1760 a
1850; nesse período a Inglaterra liderou o processo de industrialização. O
desenvolvimento técnico-científico, implementando a modernização econômica, foi
significativo; surgiram então as primeiras máquinas feitas de ferro que
utilizam o vapor como força motriz. Por outro lado, a existência de um amplo
mercado consumidor para artigos industrializados - América, Ásia e Europa -
estimulava a mecanização da produção.
Na primeira
fase da Revolução Industrial, a indústria têxtil foi a que mais se desenvolveu.
A grande oferta de matéria-prima (o algodão, cujo maior produtor era os Estados
Unidos) e a abundância de mão-de-obra barateavam os custos da produção, gerando
lucros elevados, os quais eram reaplicadas no aperfeiçoamento tecnológico e
produtivo. Assim, também o setor metalúrgico foi estimulado, bem como a
pesquisa de novas fontes de energia.
Algumas
invenções foram de fundamental importância para ativar o processo de
mecanização industrial, entre as quais podemos destacar:
* a máquina de Hargreaves (1767), capaz de fiar, sob os cuidados de um só
operário, 80 kg de fios de algodão de uma só vez;
* o tear hidráulico de Arkwright (1768);
* a máquina Crompton, aprimorando o tear hidráulico (1779);
* o tear mecânico de Cartwright (1785);
* a máquina a vapor de Thomas Newcomen, aperfeiçoada depois por James Watt
(1769);
* o barco a vapor de Robert Fulton (1805 - Estados Unidos);
* a locomotiva a vapor de George Stephenson (1814).
Para
facilitar o escoamento da produção industrial e o abastecimento de matérias-primas,
também os setores de transportes e comunicações tiveram que se modernizar.
Surgiram o barco a vapor, a locomotiva, o telégrafo, o telefone, etc.
A expansão
industrial logo ativaria a disputa por novos mercados fornecedores de matérias-primas
e consumidores de gêneros industrializados resultando no que se denominou
neo-colonialismo.
A segunda
fase da Revolução Industrial iniciou-se em 1850. Foi quando o processo de
industrialização entrou num ritmo acelerado, envolvendo os mais diversos
setores da economia, com a difusão do uso do aço, a descoberta de novas fontes
energéticas, como a eletricidade e o petróleo, e a modernização do sistema de
comunicações.
Outro
acontecimento de grande importância dessa fase foi a efetiva difusão da
Revolução Industrial. Em pouco tempo, espalhou-se por todo o continente europeu
e pelo resto do mundo, atingindo a Bélgica, a França, a Itália, a Alemanha, a
Rússia, os Estados Unidos, o Japão, etc.
RESULTADOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O século XIX
significou o século da hegemonia mundial inglesa. Durante a maior parte desse
período o trono inglês foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), daí ter
ganho a denominação de era vitoriana. Foi a era do progresso econômico-tecnológico
e, também, da expansão colonialista, além das contínuas lutas e conquistas dos
trabalhadores.
Na busca de
novas áreas para colonizar, a Revolução Industrial produziu uma acirrada
disputa entre as potências, originando inúmeros conflitos e um crescente
armamentismo que culminariam na Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914.
A era do
progresso industrial possibilitou a transformação de todos os setores da vida
humana. O crescimento populacional e o acelerado êxodo rural determinaram o
aparecimento das grandes cidades industriais: Londres e Paris, que em 1880 já
contavam, respectivamente, com 4 e 3 milhões de habitantes. Esses grandes
aglomerados humanos originaram os mais variados problemas de urbanização:
abastecimento de água, canalização de esgotos, criação e fornecimento de
mercadorias, modernização de estradas, fornecimento de iluminação, fundação de
escolas, construção de habitações, etc.
No aspecto
social, estabeleceu-se um distanciamento cada maior entre o operariado (ou
proletariado), vivendo em condições de miséria, e os capitalistas. Separavam-se
em quase tudo, no acesso à modernidade, nas condições de habitação e mesmo nos
locais de trabalho: nas grandes empresas fabris e comerciais, os proprietários já
não estavam em contato direto com os operários, delegando a outros
administradores as funções de organização e supervisão do trabalho.
O mercado de
trabalho, a princípio, absorvia todos os braços disponíveis. As mulheres e as
crianças também eram atraídas, ampliando a oferta de mão-de-obra e as jornadas
de trabalho oscilavam entre 14 e 18 horas diárias. Os salários, já
insuficientes, tendiam a diminuir diante do grande número de pessoas em busca
de emprego e da redução dos preços de venda dos produtos provocada pela
necessidade de competição. Isso sem contar que as inovações tecnológicas,
muitas vezes, substituíam inúmeros trabalhadores antes necessários à produção.
Aumento das
horas de trabalho, baixos salários e desemprego desembocavam freqüentemente em
greves e revoltas. Esses conflitos entre operários e patrões geraram problemas
de caráter social e político, aos quais, em seu conjunto, se convencionou
chamar de questão social. Os trabalhadores organizaram-se, então, em sindicatos
para melhor defenderem os seus interesses: salários dignos, redução da jornada
de trabalho, melhores condições de assistência e segurança social, etc. Diante
desse quadro surgiram as novas doutrinas sociais, pregando a criação de uma
nova sociedade, livre da miséria e da exploração reinante.
AS NOVAS DOUTRINAS SOCIAIS
O avanço do
capitalismo em meio à exploração e à miséria fermentou o ativismo trabalhista
do século XIX, cujo objetivo era destruir as condições subumanas estabelecidas
pela industrialização. Num primeiro momento, os operários, pouco conscientes de
sua força, manifestavam seu descontentamento, diante das péssimas de vida e de
trabalho em que se encontravam, quebrando as máquinas, tidas como responsáveis
pela sua situação da miséria. William Ludd foi um dos líderes desse movimento,
por isso, denominado luddista, reprimido violentamente pelas forças policiais.
A seguir os
trabalhadores decidiram organizar-se em associações que lutavam pela melhoria
das suas condições de vida e de trabalho, nasceram assim os sindicatos (trade
unions), no início não reconhecidos oficialmente e reprimidos de forma
violenta. Muito depois, diante das suas vitórias, acabaram conquistando o
reconhecimento oficial de legítimos representantes da classe trabalhadora. Por
meio de lutas, conseguiram alcançar seus objetivos quanto à elevação dos
salários, limitação das horas de trabalho, garantias aos trabalhadores
acidentados, restrição de idade e número de horas de trabalho das crianças,
etc.
Na
Inglaterra, o movimento operário pouco a pouco foi assumindo um caráter
político. Os trabalhadores desejavam uma maior participação nas decisões
governamentais que direta ou indiretamente os afetavam.
Organizou-se, então, o movimento cartista, que reivindicava, entre outras
coisas, a extensão do direito de voto, até então restrito aos cidadãos de altas
rendas, às camadas menos favorecidas da população inglesa.
Em meio a
esta efervescência surgiram teóricos que se debruçaram sobre a questão social
defendendo a criação de uma sociedade mais justa, sem as desigualdades e a
miséria reinantes. Assim apareceram as principais quatro grandes correntes de
pensamento: o socialismo utópico, o socialismo científico, o anarquismo e o
socialismo cristão.
Fonte: Base de Dados do Portal Brasil.
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